terça-feira, 4 de maio de 2010

VIDA LONGA AO REI . . .

" Michael Jackson nasceu em Agosto de 1958... Também eu.
  Michael Jackson cresceu nos subúrbios do Midwest... Também eu.
  Michael Jackson teve oito irmãos e irmãs... Também eu.
 Quando Michael Jackson tinha 6 anos tornou-se uma estrela e talvez a criança mais adorada do mundo... Quando eu tinha 6 anos, a minha mãe morreu.
Penso que ele teve mais azar!


Eu não tive mãe, mas ele nunca teve infância. E quando não temos algo, tornamo-nos obcecados com isso.

Eu passei a minha infância à procura da imagem de minha mãe; e as vezes até conseguia. Mas como se faz para recriar a infância quando se está sob os olhares do mundo para o resto da vida?

  
Não há dúvidas de que Michael Jackson foi um dos maiores talentos que este mundo teve hipótese de conhecer... De que quando ele cantava uma música, aos 8 anos de idade, era capaz de fazer com que nos sentissemos como se um adulto estivesse a apertar o nosso coração com suas palavras. 

De que o modo como ele dançava tinha a mesma elegância de Fred Astaire e o mesmo impacto de um soco de Muhammad Ali. 

De que sua música possuia uma camada extra de uma Magia Inexplicável que não só nos fazia querer dançar...  assim como, na realidade, conseguia fazer-nos acreditar que eramos capaz de voar... de atrever a sonhar, de ser tudo o que quisessemos Ser!
 

Porque é isso que os heróis fazem.
 

E Michael Jackson "foi" um herói.

Ele deu SHOW em estádios de futebol em todo o mundo, vendeu centenas de milhões de discos, jantou com primeiro-ministros e presidentes. As  garotas apaixonavam-se por ele, os garotos apaixonavam-se por ele, todos queriam dançar como ele, ele parecia ser de outro mundo, mas ele era também um ser humano.
 

Assim como a maioria dos artistas, ele era tímido e inseguro. Não posso dizer que éramos grandes amigos mas em 1991 decidi que queria conhecê-lo melhor.

Convidei-o para jantar.


 Eu disse: ‘O convite é meu, eu dirijo, só você e eu’. Ele concordou e apareceu em minha casa sem qualquer guarda-costas. Fomos até o restaurante no meu carro. Estava escuro, mas mesmo assim ele usava óculos escuros. Eu disse: ‘Michael, sinto-me como se estivesse a conversar numa limusine. Será que podes tirar esses óculos para que eu possa ver os teus olhos?’. Ele ficou parado por alguns instantes e então atirou os óculos pela janela, olhou para mim sorrindo, piscou e disse: ‘Consegues ver-me agora? Está melhor assim?’. Naquele momento fui capaz de ver a sua vulnerabilidade assim como o seu encanto.
 

Passei o resto do jantar a tentar convencê-lo a comer batatas fritas, beber vinho, comer sobremesa e dizer palavrões, coisas que ele nunca se permitia a fazer.
 
Mais tarde, voltamos para minha casa para ver um filme e ficamos sentados no sofá tal como duas crianças.

Num momento do filme, a sua mão segurou a minha. Ele parecia estar à procura de uma pessoa amiga e não de um romance e eu fiquei feliz por estar ali...

E naquele instante ele não se sentiu uma super estrela, ele sentiu-se um ser humano.


 

 

Saímos juntos mais algumas vezes e, por algum motivo, perdemos o contato. Foi então que começou uma verdadeira ‘caça às bruxas’ na vida de Michael com uma história a surgir após a outra.
 
Eu senti a dor dele.
 

Eu sei como é andar na rua e sentir como se o mundo todo estivesse contra nós.

Eu sei como é sentir-se desamparado e incapaz de se defender porque o barulho é tão alto que nos convencemos de que nossa voz jamais será ouvida...

Mas eu tive uma infância, e tive oportunidades de cometer erros e de descobrir o meu caminho no mundo sem a luz dos holofotes.

Eu estava em Londres quando soube da passagem de Michael Jackson, alguns dias antes do início da minha turnê. Michael ia dar show no mesmo local que eu uma semana depois.

Só consegui pensar naquele instante que eu o havia abandonado. Que nós o havíamos abandonado...


Que havíamos permitido que aquela criatura magnífica que, um dia, agitou o mundo, caísse. Enquanto ele tentava construir uma família e reconstruir a sua carreira, nós estávamos ocupados demais a julgá-lo.
 
A maioria de nós virou-lhe as costas!

Numa tentativa desesperada de manter a sua memória viva, fui para a internet assistir a alguns dos seus vídeos em que aparecia a cantar e a dançar na TV e nos palcos e pensei: ‘Meu Deus, ele era tão único, tão original, tão raro. E jamais haverá alguém como ele’.

Ele "era" um Rei...

Mas ele também era um ser humano. No final, todos nós somos seres humanos.
Às vezes precisamos de perder algo para aprendermos a dar valor.


Quero concluir de forma positiva e dizer que os meus filhos, de 9 e 4 anos, são obcecados por Michael Jackson.

Eles imitam os passos ‘moonwalker’ e colocam a mão na virílha...

Parece que há uma nova geração a descobrir a sua genialidade e trazendo-o de volta à vida.




Espero que, onde quer que Michael esteja agora, ele esteja a sorrir com isso.
Sim, sim, Michael Jackson era um ser humano, mas, cacete, ele "era" um Rei!

Vida Longa ao Rei!
  
( LONGOS APLAUSOS NO VMA ... E DANÇA DE JANET)







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